sexta-feira, 15 de julho de 2011

Referências: o chefe e o parasita

Para finalizar as referências de elenco apresentadas no workshop de preparação do filme DIA DE PRETO, temos dois personagens que ultrapassam o limite da sanidade mental e conferem um toque de surrealismo à trama: o Chefe de Segurança do Shopping, interpretado por Ricardo Bonaverti, e o indecifrável eremita que habita os subterrâneos do centro comercial, vivido por Raul Ferreira. O primeiro deles foi inspirado abertamente numa cena específica do filme “Sem Licença para Dirigir”, de Greg Beeman. Na cena, o avaliador interpretado por James Avery (na montagem acima com Ricardo) aterroriza o personagem de Corey Haim, colocando num copo de café toda a responsabilidade pela aprovação ou não do rapaz num teste de direção. No DIA DE PRETO, uma caneca de café também protagoniza uma cena ao mesmo tempo tensa e hilariante com o Preto e o Chefe, referência explícita dessa comédia adolescente dos anos 80, verdadeiro clássico da sessão da tarde. Outro tipo que serviu para a caracterização do Chefe foi o truculento Sargento Emil Foley de Louis Gosset Jr. em “A Força do Destino”, de Taylor Hackford, um perseguidor implacável do personagem de Richard Gere.
Já o personagem de Raul Ferreira é uma homenagem a alguns dos tipos mais bizarros do cinema, a começar pelo Tyler Durden de Brad Pitt em “Clube da Luta” (na montagem acima com Raul). No filme de David Fincher, Tyler habita uma mansão em ruínas com um grupo de seguidores fiéis, tramando planos diabólicos contra o “sistema”, para no final revelar a verdade da trama para o protagonista vivido por Edward Norton. No DIA DE PRETO, Raul Ferreira é uma espécie de parasita da sociedade de consumo, vivendo dos restos do shopping center numa toca subterrânea, e também tem um papel importante no desenrolar do mistério que move a história. A toca, por sua vez, também bebe na fonte do “andar sete e meio” de “Quero Ser John Malkovich”, de Spike Jonze, local surreal onde trabalha o personagem de John Cusack. Improvável depósito de quinquilharias e dejetos, a morada de Raul mistura todo o conforto e a porcaria do consumismo moderno, de onde o personagem só sai para se aproveitar, durante a madrugada, dos produtos e serviços que o shopping pode lhe oferecer gratuitamente enquanto está fechado para o público.

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